A reciclagem é tão antiga e natural, quase, como a terra: os seres humanos fazem-no há milhares de anos, da mesma forma que a natureza o faz com as plantas, os insectos, as árvores e os seres vivos. Para o demonstrar, preparámos esta série de artigos em que vamos viajar pela história e destacar a relação entre as múmias e a reciclagem, bem como a relação entre o vinho em Atenas e a recolha selectiva.
Recuamos até 3000 a.C., no Antigo Egito, onde encontramos uma das primeiras indústrias de reciclagem: a indústria da escrita em papiro. Naquela época, o papiro era considerado um artigo de luxo, de facto, a origem desta palavra vem da expressão”pa-per-aä” que significa “propriedade do Faraó”. Para fabricar este papel primitivo, os egípcios utilizavam folhas da planta com o mesmo nome, muito abundante no Nilo, que ocasionalmente misturavam com outras fibras naturais ou papiros gastos.
Curiosamente, foram encontrados papiros reciclados nas capas de cartão de algumas múmias. O papiro descartado pelos escribas era triturado juntamente com outras fibras vegetais, como o linho, para fazer uma pasta de base, que era moldada com uma técnica semelhante à do papel maché.
Mais de 1000 anos mais tarde, por volta do século XVIII a.C., as cidades de Tiro e Sidónia, no atual Líbano, tinham uma indústria vidreira muito forte, pelo que a procura de materiais de fabrico de vidro era muito elevada. Em 1970, um grupo de arqueólogos encontrou na costa mediterrânica três toneladas de pequenos fragmentos de vidro, classificados por cor em diferentes caixas, destinados aos fornos das fábricas de vidro, provando que a reciclagem deste material também era praticada na Antiguidade.
Por outro lado, o primeiro plano de gestão de resíduos urbanos surgiu no governo de Atenas, que implementou uma série de medidas de gestão de resíduos no século VI a.C. Entre as medidas introduzidas, destacam-se: a proibição de deitar lixo nas ruas e a criação das primeiras lixeiras municipais, que não podiam estar a menos de 1 km das muralhas da cidade.
No século V a.C., o historiador grego Heródoto registou na sua obra um dos primeiros sistemas de recolha selectiva de resíduos. Nessa altura, a Grécia exportava grandes quantidades de vinho para o Egito em ânforas de cerâmica. Heródoto ficou impressionado com o facto de que, uma vez utilizados, nenhum recipiente era deixado na rua. Isto porque já existia um sistema de recolha e recuperação implementado pelo Faraó: os recipientes usados eram levados para Mênfis, capital do Antigo Império Egípcio, onde eram enchidos com água fresca para as populações do deserto da Síria.
Depois de viajar 25 séculos pela Antiguidade, paramos para investigar o período seguinte. Se gostou deste artigo, não perca o próximo, no qual falaremos sobre os 4R: recuperar, reutilizar, reciclar e… Roma.
Fontes e agradecimentos:http://hablandoenvidrio.com/
Créditos da imagem:
- Papiros e múmias por Jupiter Firelyte via FlickrCC
- Parthenon em 1987 por Steve Swayne via Wikipedia
